Aconteceu em São João da Boa Vista, SP, uma "palestra" envolvendo setores públicos por iniciativa da ACE local.
Presentes estavam o superintendente do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental e a Sub-Secretaria de Meio-Ambiente.
A palestra iniciou-se com o pronunciamento do superintendente do DNPM, onde o recado foi:
"Mineradores: estamos agilizando o processo de licenciamento. Há a redução de 2 anos para 6 meses no licenciamento, o Governo do Estado de São Paulo está ajudando no que pode, pois tudo que temos de consumo é derivado de mineração. ENTÃO, MINEREM!"
Após a introdução, muito bem feita, por sinal, houve a parte da CETESB em explicar todos os pontos do Código Florestal em debate ainda no Congresso e o recado foi:
Minerem! Onde não podia, agora PODE!
Esqueçam topo de morro (pois há agora uma combinação de fatores para determinar topo de morro praticamente impossível de se chegar a alguma conclusão com os recursos pessoais e técnicos do órgão), não há mais proteção para nascentes, não há mais a proteção de áreas alagáveis, não há mais a necessidade de manter APP.
Portanto: MINEREM! Para o bem do Brasil!
Terminou com o pronunciamento do Sub-Secretário de Meio-Ambiente, pasta esta criada como mais uma maneira de empregar correligionários do governador do Estado.
Primeiro, uma justificativa de que não é nada disso não, porque nós estamos trabalhando e muito...
Depois, um precioso estudo de marketing pragmatista, embutido no discurso:
Ah... vocês não querem minerar? Não? Ah, poxa.. então, mas a telha, o tijolo, a areia da sua casa virá de onde?
E a cirurgia e o parto do seu filho? Como ficarão?
E o recado dado: MINEREM!
Após o anúncio do que já seria uma tragédia prevista, houve rodadas de perguntas.
Óbvio que todas sem respostas.
O pequeno minerador está sendo usado como salvo-conduto para chantagear a população.
O departamento de marketing do Governo do Estado está colocando na cabeça do cidadão a culpa caso falte commodities no mercado, como os produtos citados acima: tijolos, areia, telhas...
Para mascarar a retirada de grandes camadas de solo, em vastas áreas que deveriam ser preservadas. E a sociedade pagará o pato.
Então, legalmente, não há mais nada a fazer.
Pois o servidor público, destes órgãos estão apenas preocupados na manutenção do seu emprego.
Não formam nem tem opinião formada, se as têm, guardaram no fundo da última gaveta do seu guarda-roupas.
Refiro-me aos servidores dos órgãos ambientais.
Vão fazer de tudo para barrar qualquer protesto, qualquer acesso à documentação, tão claro quando da necessidade de dar publicidade aos licenciamentos de grande porte:
Para fazer propaganda de suas "faraônicas" obras, o Governo do Estado investe em propaganda local, fomenta o governo da situação com os mais absurdos subsídios, distribui cargos aos amigos e usa de grandes emissoras em cadeia nacional.
Para dar publicidade às aberrações de explorações, ficam restritos às publicações de pouca penetração no mercado, como o Diário Oficial do Município, editais que ninguém lê e faixas distribuídas nos bairros mais longínquos, onde o cidadão sequer tem como ler, pois sua iluminação é precária e chega cansado para o trabalho.
E marcam em dias e horários que ninguém pode comparecer.
Isso é UPIÓKITATENU por essas bandas em questões ambientais.
O aviso foi dado, depois não podem alegar que não foram alertados para o problema.
Ou você vai esperar a Serra da Paulista ficar TOTALMENTE DEVASTADA para tirar essa bunda gorda do sofá e fazer alguma coisa?
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